segunda-feira, 14 de setembro de 2009

QUICK QUICK SLOW





Curadora: Emily King

A ideia é muito, mas muito interessante. O tempo associado ao design gráfico e à arte desse século de absolutos. Não é que não possamos elaborar um paralelo e uma relação muito próxima entre essas arrebatadoras vanguardas (históricas e novas) e a captação do movimento e da ideia de tempo como fenómeno plástico. É sedutora e atraente essa emanação que surge das imagens, construídas como estruturas que guardam um impacto de tempo no seu próprio cuidado. O fluir da maquinaria que trouxe essa traumatizante revolução industrial, esse evoluir ao sabor das Guerras e que perpetrou as mais inspiradas transgressões. Guerra real, guerra conceptual. Desumanização.
O design gráfico também sofreu essa consequência que se plasma na eminência do tempo devastador que tudo varre. A cólera das vanguardas históricas desenhou essas formas impactantes, pregnantes, significantes, cativantes, propagandísticas quase, se não nos anos 20, posteriormente, de certeza. Foi um ruborescer que andava a par do tédio e a desilusão decorrentes da 1ª Guerra, fará da 2ª, quando se questionou o sentido de qualquer criação artística. Afinal o Homem era o quê? Por onde se arrastou, amargando, esse Iluminismo dourado?
É explicado, no panfleto, que hoje em dia existe um amainar dessa velocidade e desse estigma da novidade. Pudera... com indivíduos a viver a 1000 à hora, com a globalização e o funcionamento da sociedade acompanhado de perto pela evolução das tecnologias, que poupam tempo, para podermos ter tempo para tudo o resto, e que no fim, de pouco (tempo) resta; o abrandamento não é real, é desejo. E não será do desejo e sedução que hoje se vive? Devagar mas passando ao largo. Em Zen mas com o âmago em trepidação. Inquietação, distracção, desagregação, intenção de tempo, vontade. Humanismo que não me choca, numa era pós-humana, virtual, cibernética.
O tempo que se dilui, que se cruza com todos os tempos, que permite que surjam pessoas interessadas no que foi "do tempo" dos pais ou até "do tempo" dos avós. Há possibilidade, querendo-se, de viver "qualquer tempo": o tempo e o peso dos ideais de outrora, ou o tempo e leveza que pinta os dias de hoje; até mesmo os dois aos mesmo tempo! Há espaço, tempo, tolerância, que se mantém e sustém numa saborosa ilusão de controlo, poder... haverá liberdade, Emily? Incoerente e desesperado, é agora esse tempo que nos é tão valioso. Tempo vivido numa rapidez e superficialidade denunciadas pela atenta análise da Arte.

Exposição a não perder e especialmente para reflectir. Haja tempo!







Futurismo em Portugal e onde teve a sua génese, na Itália, para pouco depois explodir em Paris no "Le Figaro", em 1909. Saudades de ter estudado isto...




Chamo a atenção para as sobreposições de texto.
O mentor foi Tristan Tzara, a partir de Zurique, 1916.







Lembram-se dos Merzbau do Schwitters?







SPN 1934, A Hora é Nossa.




Da Rússia...




Significado. Estabilidade.




Esta sala tem, na sua maioria, cartazes alusivos a música clássica e ao que chamam de clássica contemporânea. Na sala ao lado, à esquerda, encontram-se outros média - televisores com imagens em movimento - e os cartazes abaixo.




Anos 50.




Velocidade, também na expressão.




Panorâmica de um conjunto de cartazes sobre música clássica. Ritmo.

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