sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Não me conformo.

Clausura, sonho, memória...
Que memória tenho do trauma?
Quando o trauma é memória e a memória é sinal:
Fantasmagorias da alma e cansaço.
Cuido a menos, penso a menos, espero a menos.
Sinto; por menos que sinto pressinto mais.
Não me desejo menos humana, menos carnal,
Mas espero sentir em mim o lucubrar...
Na mente, aquilo que se revela ausente de sentido
É Mundo, é transcendência.
Quem sabe, é a minha zona de conforto.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Nem todas as cartas de amor são ridículas...




Um silêncio que esvazia o embotamento do espírito.
Silêncio...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Como eu não possuo

Olho em volta de mim. Todos possuem ---
Um afecto, um sorriso ou um abraço.
Só para mim as ânsias se diluem
E não possuo mesmo quando enlaço.

Roça por mim, em longe, a teoria
Dos espasmos golfados ruivamente;
São êxtases da cor que eu fremiria,
Mas a minh'alma pára e não os sente!

Quero sentir. Não sei... perco-me todo...
Não posso afeiçoar-me nem ser eu:
Falta-me egoísmo para ascender ao céu,
Falta-me unção p'ra me afundar no lodo.

Não sou amigo de ninguém. P'ra o ser
Forçoso me era antes possuir
Quem eu estimasse --- ou homem ou mulher,
E eu não logro nunca possuir!...

Castrado de alma e sem saber fixar-me,
Tarde a tarde na minha dor me afundo...
Serei um emigrado doutro mundo
Que nem na minha dor posso encontrar-me?...

Como eu desejo a que ali vai na rua,
Tão ágil, tão agreste, tão de amor...
Como eu quisera emaranhá-la nua,
Bebê-la em espasmos de harmonia e cor!...

Desejo errado... Se a tivera um dia,
Toda sem véus, a carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada,
Nem mesmo assim - ó ânsia! - eu a teria...

Eu vibraria só agonizante
Sobre o seu corpo de êxtases doirados,
Se fosse aqueles seios transtornados,
Se fosse aquele sexo aglutinante...

De embate ao meu amor todo me ruo,
E vejo-me em destroço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo.

Mário de Sá-Carneiro

"Laço Branco"

Espero esse enlace que me trará o Mundo, essa candura face aos meus olhos, essa tristeza sabe-se lá vinda de onde, essa Fé irredutível com a qual me bafejas.




Sou mais eu, mesmo quando não sei quem sou.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Latência




Eu reconheço-te...

Sim... sei que és tu que aí estás.. estarás?

O que será esse estar aqui, estar a ser-se?

No andamento do meu sentir crepúsculo, de uma vida na melancolia, de um torpor na fantasia e de uma pendência de dor...

Eu sou.. serei, o que não era, nem seria, se o não fosse.