quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Então não me lembro?

Evidente que sim!
Foi tão bom recordar, no Jornal I, a secção do jornal Blitz, "Pregões e Declarações", por ocasião dos 25 anos celebrados por esta publicação! Isto porque foi uma secção onde participei activamente com poemas meus. No geral, não demoravam muito tempo a ser publicados. Se não acontecia na semana seguinte, na outra era garantido. Confesso que, num acto de orgulho adolescente (numa das minhas adolescências mais antigas), cortava e guardava quadradinhos de jornal referentes aos meus escritos. Mais engraçado ainda era ver a participação de algumas "figuras do costume", cuja presença já era habitual nos "Pregões...".
Do Blitz guardei a edição nº 666 que vinha com o dark lord da altura na capa... imaginem... Marilyn Manson!, numa das (senão "a"?) suas primeiras aparições por terras Lusas.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A música visual de Karlheinz Stockhausen - Opinião - DN



Sempre gostei muito das crónicas do Sr. João Lopes, a ponto de recortá-las do jornal e guardá-las. Existiram algumas que tiveram um grande significado para mim, académico, diga-se. Ainda me lembro de uma, se não a última que li, que versava sobre as qualidades tácteis de um anúncio publicitário numa revista. Desta feita, venho encontrá-lo no DN Online, que não lia há algum tempo, muito menos os artigos de opinião. E ei-lo num artigo sobre o compositor (e porque não qualificá-lo também como artista?)Karlheinz Stockhausen, que tive a oportunidade de "conhecer" há alguns anos através de um excelente ensaio presente no livro "Obra Aberta" de Umberto Eco. É que Stockhausen não foi só um compositor; levou a música a outras formas de expressão e de fruição. Ouçam algumas obras, vejam o documentário "Helicopter String Quartet" no medici.tv e façam a gentileza de ler o artigo:
A música visual de Karlheinz Stockhausen - Opinião - DN

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Falência



Eu já vi e ouvi este vídeo inúmeras vezes. Se a memória não me falha, estamos aqui perante o mestre do violoncelo, Rostropovich, e um dos mestres russos, Shostakovich, que, muito a par de Prokofiev, é um dos meus compositores favoritos, cujo Concerto nº 1 para Violoncelo foi composto especialmente para este intérprete, que o aprendeu (e apreendeu) num tempo record. Os tronos dos meus favoritos raramente caem para dar lugar a outros. O Dalí, que nunca foi, pessoalmente, um favorito, fazia experiências surrealistas como escrever ou pintar com sono. Andava tudo louco pelos anos 30. O Breton é que devia ter escrito umas boas assim meio grogue, ensonado, drogado. Eu sinto-me um bocadinho desses três.

Podia ter colocado este post no Soldado do lado (do Fado!), até tinha aqui um fadinho para acompanhar, mas cansou-me aquela discussão de merda no último verbete. Como já estava cansada do blogue, depois daquilo ainda fiquei mais farta. É que a actividade na net é sempre a mesma coisa. Falemos sobre metal, clássica, fado, vai tudo dar ao mesmo, às mesmas querelas. Eu já andei em muitas e agora só me apetece falar de flores. Flores, passeios, ar, cerveja e cozido à portuguesa. Coisas simples e sem tretas intelectuais, que essas, vou reservar para quando me sentir estruturalmente preparada para me fingir de conhecedora e inteligente e para envergar a capa da prepotente do costume.

Esta Cadenza é uma obra lindíssima. Corrijam-me os entendidos na matéria, mas a cadenza, segundo li por aí, é uma composição escrita pelo compositor (perdoem-me a redundância!), que confere espaço à recriação do intérprete. Assim género estilar, estão a ver, ó fadistas? Pois, mas, no que respeita a esta cadenza em particular, nunca vi ninguém a tocá-la de outra forma que não esta, com uma ou outra nuance própria da interpretação, mas não da recriação. Comentários hipotéticos à parte, considero este o meu movimento favorito deste pequeno concerto.

À primeira audição, a paixão pelo primeiro andamento assolapou-me, mas depois foi a Cadenza que foi ganhando espaço no meu espírito obstruído e nitidamente obsessivo. E muito penso que estará este amor (ou paixão) relacionado com a minha figurinha sentimental. É uma figurinha risível, acreditem-me. Uma dissonância absoluta da espécie, uma desagregação, uma viagem pelas divergências do sentido. É uma Pena! "Ai esta pena de mim", até podia ser isto, mas, não era este o fadinho que teria escolhido para acompanhar esta valsa de maus humores. Um dia hei-de colocá-lo no sítio certo (vá lá, não sejam malandros...), porque as agruras não têm fim e muito posso escrever sobre elas e para elas. Correspondemo-nos muito e uma das formas de nos entendermos é ouvindo a Cadenza do Shostakovich, que deixa uma pessoa destrambelhada, desorientada, mas agradavelmente encalhada ali entre o delírio apatarecado e a sensação de posse de um tesouro nunca dantes conhecido. Invariavelmente, tudo aquilo que amamos é um tesouro que outrem desconhece, muito por obra dessa disposição que em nós é única, essa potencialidade da capacidade de sentir. Quem a tem, abraçará muitos tesouros.

Quem não a tem entra em falência estética, sentimental, espiritual, intelectual, cerebral. Enfim, é um COMA.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Orchestra Baobab - Mythical

THE ORCHESTRA BAOBAB STORY
Orchestra Baobab are one of Africa’s great iconic bands, creators of one of the world’s most sublime and truly distinctive pop sounds. Founded in 1970, Orchestra Baobab fused Afro-Cuban rhythm and Portuguese Creole melody with Congolese rumba, high life and a whole gamut of local styles – kickstarting a musical renaissance in their native Senegal, which turned the capital Dakar into one of the world’s most vibrant musical cities. They produced more hits in less than a decade than other bands in a lifetime. While Baobab found themselves sidelined by the revolution they helped create and disbanded in 1985, a huge groundswell of international interest led to their triumphant reformation in 2001. Orchestra Baobab are still very much in business today.
(...)

Wanda Landowska




No passado mês de Setembro a revista Diapason recordou Wanda Landowska, agraciando-nos com um dossier sobre a vida e obra da pianista e ainda um volume dos indispensables, com interpretações de obras de Mozart.

Neste vídeo Wanda Landowska interpreta Rondo em Lá Menor KV 511:

Vácuo

É inevitável abraçar o fim, a redoma de silêncio, o enclausuramento da alma.
Inevitável perseguir essa inquietação, ou que ela nos persiga, ou que de nós se alimente, ou que com o nosso riso brinque, o nosso estar e a nossa Presença aflija.
No meio da movimentação daquele espaço, sentia-se só, absorvida, esquecida. O que permanecerá na mesma?, pensou. Rodeada daquilo que uma vez foi, uma vez deixou recordações. O cheiro a morte, a infância, a solidão, o sono. Encontrou uma referência no tempo, que a torna, a custo, presente. Clausura no passado e pena do futuro. Quantas expectativas, intenções, desejos?Quanta vontade de ser vaga e quase nula, intrincada no próprio delírio. Foi uma encarnação noutro corpo e noutra alma; qual será aquela que tomba de vez com toda a nulidade do sentido... e do sentir?